
Theo e eu fomos casados por sete anos. Eu tinha 34 anos, era artista gráfica e trabalhava em casa, e até recentemente achava que nosso casamento era perfeito e sólido. Tudo piorou na noite da festa de promoção dele.
Theo e eu éramos “aquele” casal — o tipo de casal com quem os outros gostavam de se comparar na hora do almoço. Aqueles que pareciam fáceis. Ele pegava minha mão enquanto eu pegava o molho, de mãos dadas como novos namorados na loja!
Ríamos das mesmas piadas com frequência, complementávamos as ideias um do outro e nunca nos faltava o que dizer! E mesmo nos momentos difíceis, reencontramos o nosso ritmo como se fosse natural!

Os dois primeiros anos em que tentamos ter um bebê foram os únicos momentos em que nosso casamento pareceu instável. Cada tentativa fracassada me afastava ainda mais da felicidade, como uma onda silenciosa. Houve meses em que me perguntei se eu era o motivo de não estarmos construindo nossa família.
Passamos mês após mês em várias consultas médicas, onde tivemos decepções silenciosas. Meu coração se partiu ao ver nossas amigas compartilhando fotos de ultrassonografia enquanto eu olhava para tiras de teste vazias. Achei que estava condenada a nunca dar à luz naturalmente, então, quando finalmente engravidei, foi uma maravilha!
Quando a Mira nasceu, tudo se encaixou! Ela foi o fio que uniu todas as partes soltas! Eu finalmente tive uma menininha perfeita para o que eu acreditava ser uma vidinha perfeita. Mas eu não poderia imaginar o que aconteceria em seguida.
Nossa filha tinha quatro anos na época, era inteligente, curiosa e honesta até demais! Ela gostava de suco de maçã sem pedaços e sempre avisava quando precisava fazer xixi, mesmo no meio da igreja!
A vida estava ótima! Além de finalmente ter um filho e acolher a alegria da minha vida, as coisas estavam indo bem financeiramente! Theo tinha acabado de se tornar sócio da sua empresa! Então, para comemorar essa grande conquista depois de anos de trabalho duro, a empresa deu uma festa chique em um espaço de eventos da cidade.
O lugar era todo rústico, com tijolos aparentes e iluminado com luzes de corda. Mira e eu fomos junto, vestidas para o evento. Ela usava um vestido rosa fofo com presilhas de dragão, e eu estava ótima com um vestido azul simples.
Sabendo o quão bem comportada minha filha era, não pensei duas vezes em levá-la ao evento. Pudemos ver como o escritório inteiro estava praticamente bajulando o Theo! Garçons passaram com taças de vinho, enquanto a banda de música tocava suavemente ao fundo.
Uma em cada três pessoas parecia elogiar meu marido! E eu não poderia estar mais orgulhosa! Segurei a mão da Mira enquanto estávamos perto da mesa de doces, enquanto o pai dela ia de um admirador para o outro, apertando as mãos e absorvendo a atenção!
Eu estava conversando com a esposa de um colega de trabalho mais velho sobre pré-escolas quando Mira puxou minha manga e disse as palavras mais confusas.
“Mamãe, olha! É a Senhora das Minhocas!”
A voz dela soou mais alta do que eu gostaria, fazendo com que algumas pessoas e a esposa do colega de trabalho olhassem em nossa direção. Virei-me rapidamente para Mira, curvando-me até ficar na altura dela. “Shh, querida, por favor, use sua voz suave e fale baixo. Que vermes, querida?”
Vendo que eu estava ocupado com minha filha, a mulher com quem eu estava conversando sorriu gentilmente e se desculpou, nos dando algum espaço.
“Na casa dela”, Mira assentiu e respondeu à minha pergunta sem hesitar. “Os vermelhos. Eu os vi na cama dela.”
Fiquei paralisada e minha garganta ficou seca. “De quem é a casa, querida?”
Ela apontou o dedo. Eu me endireitei enquanto seguia seu bracinho e a direção do seu dedo apontando para o outro lado do quarto.
Uma mulher com um vestido preto justo estava encostada no balcão, rindo um pouco livremente. Seu cabelo escuro estava penteado em ondas suaves, e o batom era um vermelho vibrante. Ela parecia o tipo de mulher que sempre sabia quando alguém estava observando, e queria que essa pessoa o observasse.
Eu já a tinha visto antes, uma ou duas vezes nos eventos de trabalho do meu marido. Acho que a vi em uma festa de fim de ano dois anos atrás, e novamente no outono passado. Ela trabalhava em contabilidade: Nora.
Sempre um pouco próxima demais do meu marido. Sempre um pouco íntima demais, lembrei-me, estreitando os olhos.
— Papai disse que ela tem vermes — acrescentou Mira, sem rodeios. — Eu os vi quando nós…
Ela se conteve. Franziu a testa e apertou os lábios, parecendo imersa em pensamentos.
Abaixei-me novamente. “Quando você o quê, Mira?”
Ela sussurrou e corou: “Não posso contar. Papai disse para não contar a ninguém sobre os vermes. Que a mamãe ficaria chateada.”
Meu estômago afundou.
“Chateada?”, consegui perguntar antes que Theo aparecesse de repente ao meu lado, com uma bebida na mão e as bochechas vermelhas de atenção.
“Ei”, eu disse rispidamente. “Posso falar com você um instante?”
“Agora?” ele piscou. “Eu só…”
“Agora, Theo.”
Cruzei o olhar com a mulher com quem eu estava conversando antes, antes de Mira soltar a bomba. Ela se aproximou, e eu dei uma desculpa, pedindo que ela tomasse conta da minha filha. Disse a Mira que papai e eu íamos conversar rapidamente sobre algo e fui embora.
Theo me seguiu até um corredor perto do vestiário. “O que está acontecendo?”
“Ela disse que você a levou para a casa da Nora.”
Ele piscou. Depois riu. “Sério? Agora não, querida. Podemos conversar sobre isso direito em casa?”
Eu queria resolver as coisas ali mesmo, mas sabia que não era o momento nem o lugar certo. Então, assenti com um olhar severo, mostrando que a conversa definitivamente não havia terminado. Voltamos para a festa, mas as coisas estavam tensas entre nós.
A viagem para casa foi tranquila. Mira adormeceu no banco de trás, alheia à tempestade que nos separava. Theo batia no volante com uma das mãos o tempo todo. Olhei pela janela, meus pensamentos correndo em busca de respostas.
Assim que Mira foi para a cama, sentei-o na cozinha.
“Nossa filha disse que viu vermes vermelhos na cama da Nora?” Retomei a conversa exatamente de onde a havíamos parado.
“Eram bobes. Daqueles macios, sabe? A Mira viu, ficou com medo e não parava de falar. Eu disse a ela que eram minhocas para ela largar. Não foi nada.”
“Você espera que eu acredite nisso?”
“Era brincadeira! Eu precisava da papelada que a Nora esqueceu de enviar. Peguei, e a Mira estava comigo, então ela entrou por dois minutos. Só isso!”
“No quarto dela?” insisti, sem acreditar em uma palavra do que ele dizia.
“Não!”, ele disse rápido demais. “Bem, não desse jeito. Ela estava me mostrando algo no laptop dela, e Mira andou pelo corredor. Foi quando ela deve ter visto eles.”
“Por que mentir? Por que dizer para ela não dizer nada?”
“Eu não queria que você tivesse uma ideia errada ou entendesse mal”, ele murmurou, ajeitando a gola.
“Já estou entendendo errado várias coisas. E deve haver uma ideia certa, né?”
Ele congelou. E essa foi toda a prova que eu precisava.
“Diga-me a verdade”, insisti.
“Eu fiz! Você está transformando isso em algo que não é!”
“Já é alguma coisa. Você levou nossa filha para a casa de outra mulher. Mandou ela mentir sobre isso. E, de alguma forma, ela acabou perto da cama!”

“Eu não fiz nada de errado.”
“Então por que você está suando?”
Ele não tinha resposta. Apenas suspirou e foi embora.
Naquela noite, não consegui dormir. Fiquei olhando para o teto, as palavras “Mamãe ficaria chateada” ecoando como um tambor nos meus ouvidos.
Pela manhã, eu já tinha tomado uma decisão.
Encontrei o número da Nora em “contatos de trabalho” no laptop do meu marido e enviei uma mensagem para ela. Contei que estava ajudando a planejar a próxima festa de fim de ano da empresa e que queria tomar um café rápido para revisar a lista de convidados. Ela respondeu em menos de cinco minutos com um animado “Claro!”.
Nós nos conhecemos em um pequeno café a três quarteirões do apartamento dela. Ela parecia ter saído de um comercial de moda — cabelo liso, blusa branca, unhas vermelhas. Ela até pediu um latte de chá verde sofisticado, como se tivesse ensaiado.
Depois da conversa, larguei minha xícara e fui direto ao ponto: “Minha filha disse que já esteve na sua casa.”
O rosto dela não mudou. Continuei.
“Ela disse que meu marido a trouxe. Que ela viu minhocas vermelhas na sua cama. Imagino que fossem rolinhos macios?”
Nora mexeu seu café com leite lentamente, de propósito.
“Eu estava me perguntando quando você entenderia”, ela disse.
Eu não vacilei.
“Ele disse que não demoraria muito. Que quando você fosse embora, poderíamos parar de nos esconder”, respondeu ela, sem rodeios.
“Então você está bem em ser a segunda opção de alguém?”, perguntei, com lágrimas nos olhos quando a verdade finalmente me atingiu.
Ela sorriu. “Não me importo de ser escolhida. Eventualmente.”
Levantei-me, decidida. “Ele é todo seu.”
No caminho para casa, me senti mais calmo do que esperava. Não estava com o coração partido. Não estava com raiva. Simplesmente satisfeito.
Nas semanas seguintes, fiz o que precisava ser feito. Era como se meu corpo e minha mente já soubessem o que estava acontecendo com Theo e só precisassem de confirmação. Como se minha crença de que nosso casamento era perfeito fosse apenas algo que eu pensava esconder a verdade no fundo do meu coração.
Então, discretamente, pedi a separação. Contratei um advogado para organizar o nosso divórcio. Reuni os documentos. Tirei prints. Planejei a guarda. Garanti que cada passo favorecesse Mira e eu.
Theo nem tentou resistir! Ele foi morar com Nora logo depois!
Agora, pelo que ouvi dizer, as coisas não estão tão boas. Mira, que agora se recusa a visitar o pai, a menos que ele venha sem Nora, volta com histórias das brigas do novo casal por causa do jantar. Reclamações sobre regras, coparentalidade e coisas do tipo.
Theo, antes tão charmoso, agora murmura através dos declives como um homem já cansado de sua nova vida!
E quanto a mim?
Estou bem agora. Durmo a noite toda depois de passar meses chorando pelo meu casamento fracassado e me sentindo insuficiente. Tristeza, me disseram. Acabei me matriculando em uma aula de ginástica local, voltei a desenhar e pintei o quarto da Mira com estrelas que brilham no escuro.
E às vezes, quando minha filha traz à tona o passado, sua vozinha corta todo o barulho.
“Mamãe”, disse ela uma noite, aconchegando-se ao meu lado com seu ursinho de pelúcia favorito. “Por que o papai não mora mais com a gente?”
Olhei para ela. Seus grandes olhos castanhos, tão confiantes.
“Porque ele mentiu sobre os vermes.”
Ela assentiu, séria como sempre, como se entendesse tudo. “Mentir é ruim.”
“É”, eu disse. “É sim.”
Então ela me abraçou forte. “Ainda bem que não temos vermes.”
Eu ri. “Eu também, querida. Eu também.”
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