
PEGUEI EMPRESTADO UM VESTIDO DE NOIVA… E ENCONTREI UMA LETRA NO FORRO
No dia em que experimentei aquele vestido de noiva, juro que senti algo estranho.
Não tenha medo.
Não é beleza.
Sozinho… peso.
Mas eu minimizei.
Afinal, era emprestado. De uma loja vintage no centro da cidade. A mulher disse que só tinha sido usado uma vez, vinte anos atrás. Limpo. Preservado. Intacto.
Eu não me importava com nada disso. Fiquei feliz por finalmente poder comprar algo que não parecia barato.
Eu levei para casa.
Pendurei-o com cuidado.
E todas as noites antes do meu casamento, eu o encarava. Eu sonhava com o meu dia. O corredor. Música. Homem.
Ela estava apaixonada.
Profundamente.
Estúpido.
Jovem.
Mas na noite anterior ao meu casamento, enquanto eu passava o vestido a vapor e verificava se havia rugas… senti um puxão. Dentro do forro, perto da bainha, havia algo costurado de forma estranha. Um caroço. Pequeno. Achatado.
Curioso, peguei uma agulha.
Abri-o com cuidado.
E por dentro…
Uma nota.
Velho. Incolor. Mas a tinta ainda estava visível.
> “SE VOCÊ ESTÁ LENDO ISTO, POR FAVOR, NÃO SE CASE COM ELE. EU IMPLORO. É PERIGOSO. EU ESCAPEI POR CAUSA DOS GOLS. — M.”
Meu vestido caiu.
Eu literalmente deixei cair.
Meu coração disparou.
Virei a nota.
Houve mais.
> “SE ELE TE DEU ESSE VESTIDO, É PORQUE ELE JÁ FEZ ISSO ANTES.”
Mas ele não o fez.
Comprei em uma boutique.
Verdade?
Ou ele sugeriu o lugar?
Não consegui mais me lembrar. De repente, tudo ficou confuso.
Peguei meu celular. Procurei a loja online. Não havia site.
Que estranho.
Verifiquei o endereço. Não existia no Google Maps.
Ainda mais estranho.
Eu dirigi até lá.
Naquela noite.
Meu casamento era amanhã, mas eu não conseguia dormir. Eu precisava de respostas.
E quando cheguei?
Ele havia desaparecido.
Fechado.
Janelas vazias.
Pó.
Nenhum sinal da velha. Nenhum vestígio de que a porta estivesse aberta.
Bati na porta do vizinho.
Um jovem com olhos sonolentos abriu-a.
> “Olá… Desculpe o inconveniente. Você conhece a boutique que ficava aqui?”
Ele franziu a testa.
> “Boutique?”
> “Sim… uma loja de vestidos de noiva vintage. É de uma mulher…”
Ele balançou a cabeça.
> “Senhora… Esta loja está fechada há quase vinte anos.”
Fiquei paralisado.
> “Mas… acabei de comprar um vestido lá. Dias atrás.”
Esquerda.
Ele me olhou de cima a baixo. Então sussurrou:
> “Você é a terceira mulher em cinco anos a me convidar.”
> Meu sangue congelou.
> “O que aconteceu com os outros?”
Ele deu de ombros.
> “Uma cancelou o casamento e desapareceu.”
> “O outro… ele continuou.”
> “A última notícia que tive foi de que ele desapareceu na lua de mel.”
Corrido.
Voltei para o carro.
Fiquei em silêncio por vinte minutos.
Então liguei para ele, meu noivo.
Não mencionei o bilhete. Nem a loja. Nem o vizinho.
Acabei de perguntar:
> “Onde você disse que estava antes de me conhecer?”
Houve uma pausa.
Então ele disse:
> “Por que você está me perguntando isso agora?”
E eu sabia.
Eu sabia que essa nota não era uma coincidência.
Aquele vestido não foi coincidência.
Que amanhã?
Pode ser meu último dia de vida.
PEGUEI EMPRESTADO UM VESTIDO DE NOIVA… E ENCONTREI UMA CARTA NO FORRO (EPISÓDIO 2)
Acordei em silêncio.
Não do tipo tranquilo.
Do tipo que parece… estranho. Como se algo estivesse prendendo a respiração.
Sentei-me na cama, meu cabelo emaranhado e meu coração batendo forte por causa de um sonho do qual não me lembrava, apenas da sensação que ele deixava: frio. Manchado.
O bilhete ainda estava na mesa de cabeceira.
Amassado. Enrugado. Mas ainda estava lá.
> “SE ELE TE DEU ESTE VESTIDO, ELE JÁ FEZ ISSO ANTES.”
Segurei-o como se fosse feito de vidro.
Eu não queria acreditar. Eu não queria acreditar que ele, o homem com quem eu estava me casando, pudesse ter segredos tão profundos a ponto de apodrecer seda.
Mas eu também não podia mais ignorar.
O vestido estava de volta em sua caixa. Marfim, vintage, bordado à mão. Ainda cheirava levemente a lavanda e… qualquer outra coisa. Fraco. Enferrujado.
Achei que fosse perfume velho.
Agora, ela não tinha certeza se não era sangue velho.
Eu precisava de respostas. E não podia perguntar a ele. Ainda não. Não sem provas.
Então dirigi.
Ainda de pijama. Cabelo preso. Sem maquiagem. Só medo.
A loja ficava a apenas dez minutos do hotel. Uma loja de bairro espremida entre um salão de beleza e um sebo. Chamava-se “Segundas Chances”.
Ele não se lembrava do nome do recibo.
Empurrei a porta.
A campainha não tocou.
Porque não havia campainha.
Não havia… nada.
Nem vestidos.
Nem cabideiros.
Nem balcão.
Apenas um quarto vazio com azulejos empoeirados e um espelho quebrado encostado na parede do fundo.
Vazio.
Abandonado.
Como se estivesse assim há anos.
Voltei, confusa. Um homem varrendo a calçada ao lado olhou para cima.
> “Procurando alguma coisa?”
> “A loja de vestidos. Estava aqui. Dois dias atrás.”
Ele franziu a testa.
> “Aquele lugar está fechado desde 2019.”
Engoli em seco.
> “Tem certeza?”
> “Eu moro lá em cima. Nunca vi aberto.”
Minha respiração estava curta.
Voltei para o meu carro com as mãos trêmulas.
Se a loja não existia… onde eu comprei o vestido?
E quem, quem, deixou aquele bilhete lá dentro?
Eu não fui para o hotel. Eu não podia.
Em vez disso, fui para a casa da minha tia.
É tranquilo. Sabia. Ele já viu muita coisa na vida para se surpreender.
Quando entrei com a caixa do vestido na mão, ela não disse nada.
Ele simplesmente apontou para a cozinha e colocou chá.
Então eu mostrei o bilhete a ele.
E contei tudo. Quando terminei, ele se recostou na cadeira. O olhar perdido.
> “Isso parece algo que aconteceu com alguém que eu conhecia. Há muito tempo.”
> “Quem?” >
“O nome dele era Morayo. Ela também usou um vestido de segunda mão no dia do casamento. De uma loja que não era realmente uma loja.”
> “O que aconteceu com ele?”
> “A mesma coisa que você teme.”
> “Ela se casou com o homem errado.”
> “E o vestido tentou avisá-la.”
Eu a encarei.
> “Você está dizendo que o vestido é… droga?”
Ele não respondeu diretamente.
Em vez disso, ele se levantou.
> “Vá para casa. Queime o bilhete. Deixe o vestido. Não o use.”
Mas eu não fiz nada disso.
Porque naquela noite, quando ela pegou a caixa do vestido novamente…
Ela já estava aberta.
E, cuidadosamente colocada em cima do vestido dobrado…
Havia outro bilhete.
Menor.
Nova letra. Apenas cinco palavras:
> “Você tem sete dias restantes.”
Meu coração parou.
Ela nem era casada.
PEGUEI EMPRESTADO UM VESTIDO DE NOIVA… E ENCONTREI UMA LETRA NO FORRO (EPISÓDIO 3)
Eu encarei o bilhete. Apenas cinco palavras:
> “Você tem sete dias restantes.”
Eu estava cuidadosamente dobrada sobre o vestido que eu tanto tentei esquecer. Aquele que aluguei em uma pequena loja escondida entre dois prédios antigos. A loja que não existia mais. Ou que talvez nunca tenha existido.
Meus dedos tremiam quando a peguei. Outra carta. Mais organizada. Mais firme. Menos frenética que a primeira. Mas não importava. Parecia tão pesada. Tão errada.
Sete dias para quê?
Ele não acreditava em maldições. Não mesmo. E, no entanto, o medo tem um jeito de fazer até a pessoa mais racional começar a acreditar em coisas irracionais.
Liguei novamente para o número no recibo do aluguel do vestido. Ele ainda não tinha resposta. Ela ainda estava morta.
Eu disse a mim mesma que era só alguém pregando uma peça em mim. Talvez alguém na loja descobrisse que eu ia me casar. Talvez quisessem me assustar. Talvez não fosse nada.
Mas eu não senti nada.
Não fui trabalhar no dia seguinte. Em vez disso, passei a manhã vasculhando a internet, tentando encontrar algum vestígio de uma butique chamada “Second Chances”. Listagens de empresas, páginas do Facebook, avaliações arquivadas do Yelp… Nada. Era como se o lugar tivesse desaparecido da face da Terra.
Ou pior. Como se eu nunca tivesse estado lá.
Ao meio-dia, ela estava exausta.
Foi quando Phola ligou.
Minha melhor amiga. Minha voz da razão.
> “Você parece ter visto um fantasma”, disse ele. “O que aconteceu agora?”
Contei tudo a ele.
O primeiro bilhete. O segundo. A loja vazia. O homem do lado de fora que jurou que estava fechada há anos.
Ela ficou em silêncio por um momento. Então:
> “Tem certeza de que não está apenas… Sobrecarregada? Em outras palavras, o estresse do casamento é real. Talvez sua mente esteja pregando peças em você.”
Ele não a culpou. Talvez parecesse loucura.
Mas isso não explicava os bilhetes.
Ele não explicou sobre a loja fechada.
E eu não conseguia explicar por que tinha aquela sensação profunda e incômoda no estômago de que algo no vestido não estava apenas errado… mas era perigoso.
Naquela noite, tirei o vestido novamente. Estendi-o cuidadosamente sobre a cama. O tecido ainda estava lindo. Delicado. Nenhum fio fora do lugar.
Passei as mãos pelas costuras. Nada.
Depois o forro.
E então eu senti.
Uma pequena protuberância perto da bainha. Peguei algumas tesourinhas de unha e fiz um pequeno corte.
Dentro, enfiado entre camadas de tecido, havia algo embrulhado em plástico.
Uma fotografia.
Estava desbotada, velha, ligeiramente quebrada nas bordas. Mas eu reconheci o sorriso. O mesmo sorriso que me cumprimentou na primeira vez que entrei naquela “loja”.
Era a mulher que me deu o vestido. Só que mais jovem. De pé ao lado de outra mulher com o mesmo vestido.
E escrito nas costas?
> “Ela também usou. 1997”.
Sem nomes. Sem endereço. Apenas um ano.
Deitei-me na cama, com o coração acelerado. O que significava?
Por que esconder uma foto?
E o mais importante… onde estavam aquelas mulheres agora?
Peguei meu celular. Fiz uma busca reversa de imagens. Nada.
Mas algo no rosto da segunda mulher… parecia familiar.
Ele não era alguém que eu conhecia. Mas alguém que tinha visto.
Em algum lugar.
E então eu entendi.
A antiga seção de obituários nos arquivos. Eu a tinha visto lá.
Ele havia morrido em 1997.
Causa da morte?
“Acidente inexplicável.”
Deixei o telefone cair novamente. Não era uma história de fantasma. Era outra coisa. Mas eu não ia desistir.
Eu não desistiria.
Não sem respostas.
PEGUEI UM VESTIDO DE NOIVA EMPRESTADO… E ENCONTREI UMA CARTA NO FORRO (EPISÓDIO 4)
Não dormi naquela noite.
O segundo bilhete estava na minha palma, quase quente de tanto tempo. Li as palavras várias vezes.
“Você tem sete dias restantes.”
Para quê?
Foi uma piada? Um susto? Ou alguma estratégia de marketing cruel de uma loja de vestidos de noiva falida?
Seja lá o que tenha sido, funcionou. Meus pensamentos giravam como um carrossel quebrado.
De manhã, meus olhos estavam inchados pela falta de sono. Meu noivo, Dayo, ligou. Duas vezes.
Eu não atendi.
Eu precisava de espaço. Respostas. E talvez um pouco de coragem.
Voltei para a rua onde encontrei a loja de vestidos. Verifiquei cada esquina, cada beco, cada porta dos fundos. Nada. O nome da loja, “Second Chances”, não aparecia online. Não tinha site. Ele não tinha redes sociais. Eu não tinha o recibo na minha bolsa.
Era como se eu tivesse imaginado tudo.
Mas o vestido era real.
Os bilhetes também.
Sentei-me no carro, frustrada. Então me lembrei do nome que minha tia havia mencionado:
Morayo.
Não era comum.
Pesquisei online. Adicionei termos como “casamento”, “vestido de segunda mão” e “Lagos”.
No início, nada.
Então, uma publicação no fórum chamou minha atenção:
“Noiva com vestido vintage – Desaparecida 48 horas após o casamento”.
Era um tópico de comentários em uma antiga plataforma parecida com o Reddit. Enterrada.
Cliquei.
E lá estava.
Uma foto. Morayo. Sorrindo. Da mão de um homem que me parecia… familiar. Mas não consegui identificá-lo. Os comentários estavam cheios de especulações: reticências, sequestro, fuga voluntária. Um mencionava uma loja de noivas sem nome oficial.
“Bastava saber onde ele estava”, escreveu alguém. “A senhora que a administrava era mais velha. Discreta. Ele disse que todo vestido encontra seu dono.”
Foi o que disse a mulher que me deu o meu.
Quanto mais eu navegava, mais enojada eu me sentia.
Não podia ser coincidência.
Escrevi para Dayo:
> Precisamos conversar. Mas não sobre o casamento.
Ele respondeu instantaneamente:
> Você está bem?
> Onde você está?
Ignorei a segunda mensagem. Em vez disso, fui ao apartamento da minha amiga Zainab.
Ele abriu a porta, olhou para mim e disse:
“Você encontrou outro bilhete, não é?”
Concordei.
Sentamos no quarto dele, com a caixa de vestidos entre nós. Ele ficou em silêncio enquanto contava tudo a ela. Os bilhetes. A loja vazia. Morayo. Ele franziu a testa e perguntou:
“Você já procurou um especialista em tecidos? Talvez alguém possa descobrir onde o vestido foi feito originalmente. Isso pode nos levar a algum lugar.”
Não foi uma má ideia.
Ligamos para um.
Dissemos a ele que éramos estudantes de cinema e estávamos pesquisando designs vintage para noivas. Ele concordou em ficar.
Quando viu o vestido, ficou surpreso.
“É costurado à mão. Do final dos anos 80. Possivelmente feito sob medida. Mas e o forro?”
Ele o virou.
> “Isso não é original. Alguém o perturbou. Vê esta costura? Foi feita depois. Mais desleixada.”
Fiz uma reverência.
> “Consegue ver o que foi removido?”
Ele fez uma pausa. Passou a mão enluvada pela costura.
> “Havia algo retangular aqui. Acolchoado. Talvez um bolso escondido?”
Minha pele se arrepiou.
> “Uma bolsa escondida?”
> “Podemos abri-la?”
> “Não sem danificar a integridade do vestido. Não aconselho.” Agradeci. Peguei o vestido. E não o ouvi.
Naquela noite, na mesa da cozinha de Zainab, usei sua caixa de costura. Meus dedos tremiam, mas consegui desfazer os pontos.
Entre camadas de seda e algodão havia uma pequena bolsa de veludo preto.
Dentro?
Um anel.
Simples. De prata. Mas gravado.
Duas iniciais: DO
Meu coração afundou.
As iniciais de Dayo.
Quase deixei meu anel cair.
> “Não pode ser”, sussurrou Zainab. “Ele te deu o vestido?”
Balancei a cabeça.
> “Não. Eu aluguei. Ele nem sabe onde. Eu escolhi sozinha. Ele disse que confiava no meu gosto.”
Mas agora ela não tinha tanta certeza.
Seria confiança?
Ou estratégia?
Eu precisava de respostas.
De Dayo.
Dirigi até a casa dele. O vestido, ainda na caixa, no banco do passageiro. A bolsa de veludo na minha mala. Quando ele abriu a porta, seu rosto se suavizou.
> “Você finalmente chegou. Eu estava preocupada.”
Entrei.
> “Preciso te perguntar uma coisa. E preciso que você seja sincero.”
Assentiu.
Levantei o anel.
> “Você sabia disso?”
Seus olhos se arregalaram.
Ele não o reconheceu.
Em pânico.
> “Onde você conseguiu isso?”
> “Responda à pergunta, Dayo.”
Hesitou.
Então ele olhou para mim.
> “Você não deveria ter encontrado.”
Minhas pernas vacilaram.
> “Então é seu?”
> “Era. Há muito tempo. Antes de você. Antes de qualquer outra coisa.”
> “Então por que costuraram no forro do meu vestido de noiva?”
Ela passou a mão pelos cabelos.
> “Eu posso explicar. Mas não aqui. Não agora. Por favor… espere.”
Eu não esperei.
Fui embora. E quando entrei no carro, meu celular vibrou.
Uma mensagem anônima.
Apenas uma frase:
“Não me deixe colocar esse anel em você.”
PEGUEI UM VESTIDO DE NOIVA EMPRESTADO… E ENCONTREI UMA CARTA NO FORRO (EPISÓDIO 5)
Não dirigi para casa.
Nem sabia para onde estava indo.
Simplesmente continuei dirigindo.
A mensagem anônima ainda estava na minha tela, brilhando na escuridão do carro como se respirasse.
“Não me deixe colocar esse anel em você.”
Li várias vezes como se de repente fizesse sentido, como se viesse com uma voz explicando o porquê.
Por que o antigo anel de Dayo estava escondido no forro do meu vestido de noiva.
Por que aquele aviso veio logo depois que ele me implorou para esperar.
Esperar o quê?
Que as mentiras deles seriam correspondidas com a minha verdade?
Parei em um estacionamento vazio perto da Ponte do Terceiro Continente e desliguei o motor.
O silêncio era denso.
Daquele peso que oprime o peito.
Abri a bolsa de veludo novamente e encarei o anel. Parecia inofensivo. Simples. Uma aliança de prata com “DO” gravado no interior com uma escrita desbotada.
Mas parecia… venenoso.
Liguei para Zainab.
Ele atendeu ao segundo sinal.
> “Diga que você não está com ele.”
> “Eu fui embora. Não pude ficar.”
> “Volte. Não durma sozinha esta noite.”
> “Eu não vou dormir”, sussurrei. “Acho que não consigo.”
Cheguei à casa dele em menos de vinte minutos. Ela abriu a porta enrolada no roupão, sem maquiagem, o cabelo preso em um coque desgrenhado. O rosto dele estava tenso de preocupação.
Larguei a caixa no chão e me joguei no sofá.
> “Eu nem sei quem era meu noivo”, eu disse.
Ele se sentou ao meu lado, encolhendo as pernas.
> “Você acha que ele vestiu o vestido?”
> “Eu não sei. Mas alguém vestiu. Alguém queria que eu encontrasse isso.” Joguei a bolsa na mesa de centro como se estivesse queimando a palma da minha mão.
Zainab se inclinou para a frente.
> “Você verificou o anel com cuidado? Você realmente olhou para ele?”
Pisquei.
Não. Ele não tinha.
Pegamos o celular dele e usamos a lanterna para examinar cada centímetro. E ali, sob as iniciais, havia algo que eu não tinha notado antes.
Algo quase invisível.
Gravado em letras minúsculas e desbotadas, como se não quisessem ser encontradas.
Uma data.
07-07-2018.
Cinco anos atrás.
Minha mente ficou em branco. Então, rapidamente. Pensando em possibilidades.
Cinco anos atrás, Dayo e eu nem saímos.
Abri meu celular e pesquisei a data no Google.
Nada.
Nenhuma notícia. Nenhuma reportagem. Apenas um pequeno blog local de 2018. Enterrado lá no fundo.
Um anúncio de casamento. “Morayo e David Oluwaseun se casam em uma discreta cerimônia Ikoyi.”
Fiquei com um nó na garganta.
DO
David Oluwaseun.
Nome completo de Dayo.
Olhei para a tela como se fosse mudar.
Zainab se inclinou sobre meu ombro e leu também.
> “Dayo se casou com alguém chamado Morayo há cinco anos?”
> “Não. Não, tem que ser coincidência. Certo?”
Mas meu coração não acreditou em mim.
A mesma Morayo que desapareceu 48 horas depois do casamento?
O mesmo vestido? A mesma loja?
As mesmas iniciais dentro do mesmo anel costurado no mesmo vestido que peguei emprestado?
De repente, me senti mal.
Zainab recostou-se na cadeira, com os olhos arregalados.
> “Ele já te contou se já tinha sido casado?”
> “Nunca. Ele me disse que nunca teve um relacionamento sério com ninguém antes de mim.” > “Isso não é mentira. É uma vida que ele escondeu.”
Na manhã seguinte, liguei para ele.
Nem o cumprimentei.
> “Seu nome completo é David Oluwaseun, certo?”
Ele ficou em silêncio.
> “Você se casou com Morayo, não é?”
Nada ainda.
> “Diga alguma coisa, Dayo.”
> “Como você descobriu?”
Era isso.
Sem negação. Sem confusão. Sozinha… derrota.
> “Por que você não me contou?”
> “Porque era para ter acabado. Ele se foi. Desapareceu. Todos achavam que ele tinha escapado.”
> “E o anel?”
> “Eu nunca o encontrei depois que ele foi embora. Achei que ele estava perdido.”
> “Então apareceu magicamente no meu vestido de noiva?”
Suspirou. > “Olha, não posso explicar tudo pelo telefone. Mas eu não disse. Juro.”
> “Alguém fez isso.”
> “Então eles podem querer te machucar. Ou a mim. Eu não sei. Mas, por favor… Não se aprofunde nisso. É perigoso.”
Eu ri. Seca. Amargamente.
> “Você mentiu para mim. Acima de tudo. E agora quer que eu confie em você?”
Agora ele parecia desesperado.
> “Morayo… Ele não era quem eu pensava. Cometi um erro ao me casar com ela. E pensei que poderia começar do zero com você.”
> “Você não começou do zero. Você começou com seus segredos.”
> “Eu ainda te amo.”
Desligou.
Zainab e eu nos sentamos à mesa dela mais tarde naquela noite. Não conversamos muito. Apenas olhamos para o anel, o vestido e um quadro-negro que tiramos do antigo material de escritório dela. Acima, escrevi:
QUEM DEIXOU OS ANÚNCIOS?
Então, embaixo:
Morayo?
Alguém que a conhecia?
Alguém que odeia Dayo?
Alguém tentando me avisar?
Então, circulei uma palavra em vermelho:
Por que agora?
Três dias para o casamento.
Ela não havia devolvido o vestido. Não porque eu o tivesse esquecido. Não porque eu quisesse usá-lo. Mas porque eu precisava de respostas.
O segundo bilhete estava dobrado dentro da minha Bíblia.
> “Você tem sete dias restantes.”
Sete dias para quê? Eu me perguntei…
Porque algo me dizia que o vestido não queria que eu fosse embora. Não sem terminar a história que havia começado comigo.
Naquela noite, pendurei-o na porta do meu quarto.
Ele olhou para mim como se estivesse esperando.
E eu disse em voz alta:
“Se você quer alguma coisa de mim, é melhor falar agora. Porque depois de sábado, você vai se meter em uma encrenca e tanto.”Eu ri nervosamente.Mas então… A luz do meu quarto piscou.Uma vez.Duas vezes.E quando voltei para a porta…O vestido tinha sumido.Gritei.Naquela noite, sonhei com um casamento.Não o meu.O da Morayo.Ela estava sob um dossel de flores, com o vestido que eu tinha agora. Seu sorriso era largo. Mas seus olhos… Aterrorizados.Ele olhou além dos convidados e olhou diretamente para mim.E ele sussurrou uma palavra:> “Corra.”Acordei encharcada de suor, meu travesseiro encharcado, meu coração batendo como um alarme.Meu telefone estava piscando.Uma nova mensagem anônima.Desta vez, uma foto.Desfocada. Tirada de trás de uma cortina ou de uma porta entreaberta.Uma mulher. De branco. Deitada no chão. Com meus olhos fechados. Uma única mensagem abaixo: “Ele não me ouviu.”
Parte Final: “Depois da Chuva”
Na manhã do casamento, Elena não usou o vestido amaldiçoado.
Em vez de renda branca, ela escolheu uma roupa sóbria, cor de marfim, sem adornos. No bolso interno, ele carregava a carta de Isabel, agora amassada, molhada pelas lágrimas secas de várias noites.
Ela chegou sozinha à igreja. A chuva caía furiosamente, como se o próprio céu tentasse alertá-lo mais uma vez.
Adrián a esperava no altar. Ele sorria como sempre: encantador, perfeito… e agora, para Elena, absolutamente sinistro.
Mas Elena não caminhou em sua direção. Ele caminhou até o microfone do padre.
“Antes de começarmos esta cerimônia”, disse ele, com a voz firme, “quero compartilhar algo. Não apenas com Adrián… mas com todos vocês.
Um murmúrio percorreu a igreja. A mãe de Adrian empalideceu. A irmã olhou para baixo.
Elena pegou a carta. Ele leu em voz alta, palavra por palavra.
“Se você está lendo isso, é porque outra pessoa vai subir ao altar com ele. Por favor, fuja antes que seja tarde demais…”
O silêncio tornou-se sufocante.
Esta carta foi escrita por Isabel, a mulher com quem Adrian ia se casar antes de mim. Ela desapareceu semanas antes do casamento. Ele nunca apareceu. Mas o vestido dela… a história dela… Eles me encontraram.
Adrián deu um passo à frente. Seus olhos não demonstravam mais doçura.
“O que você está insinuando, Elena?”
Ela olhou para ele, sem mais medo.
“Estou dizendo que não serei o próximo.
Um homem na plateia se levantou. Era um detetive aposentado. Acompanhava o caso de Isabel de perto há anos. Ao ouvir o nome, sentiu um arrepio. E agora, com aquela carta nas mãos de uma nova noiva… tudo se encaixou.
Minutos depois, a polícia entrou na igreja. Elena havia enviado cópias da carta, da foto e dos documentos ao amanhecer.
Adrián foi preso.
E a chuva, que não cessava há dias, parou no momento em que o estavam tirando algemado.
**
Semanas depois, Elena visitou o túmulo anônimo à beira do lago onde o anel de Elizabeth foi encontrado. Ele pregou uma pequena cruz de madeira com uma placa que dizia:
“ISABEL — SUA VOZ NÃO SE PERDEU. OBRIGADA POR ME SALVAR.”
**
Meses se passaram. Elena retornou à loja onde tudo começou. A velha senhora, com lágrimas nos olhos, abraçou-a sem dizer uma palavra.
E quando ela saiu, enquanto o sol filtrava através das nuvens pela primeira vez em muito tempo, Elena respirou fundo.
Grátis. Viva.
Depois da chuva…
Finalmente houve luz.
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